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Foto do escritorMitsuo Kaneko

COP-26: indústria do alumínio brasileira é destaque pela mitigação às mudança climáticas



Da mineração à reciclagem, companhias implementam ações e projetos para redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE). 12 de novembro de 2021


Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), realizada de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, Escócia, a indústria do alumínio brasileira foi destaque com dois cases que comprovam a colaboração com as metas de sustentabilidade e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).


O sucesso da reciclagem de latas para bebidas, cujo índice histórico de 97% do total da produção posiciona o país entre os líderes mundiais — à frente dos Estados Unidos, com 60%, e Europa, com média de 67% — foi apresentado durante o evento pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas).


A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), por sua vez, mostrou como a sua refinaria de óxido de alumínio (alumina), localizada na cidade de Alumínio, no interior de São Paulo, tornou-se uma das primeiras do mundo a ter 100% de capacidade de produção de vapor originado de uma caldeira de biomassa.


Os esforços promovidos por empresas que atuam na cadeia produtiva, da mineração à reciclagem, vão ao encontro dos caminhos necessários para alinhar-se aos objetivos do Acordo de Paris, conforme divulgado pelo International Aluminium Institute (IAI) na COP-26.


No relatório recente ‘Aluminium GHG Pathways to 2050’, a entidade internacional traz três abordagens principais para a redução de GEE no setor:

  • Descarbonização da eletricidade consumida;

  • Diminuição das emissões diretas;

  • Eficiência de recursos.

Energia

Atualmente, mais de 60% das emissões de 1,1 bilhão de t de dióxido de carbono equivalente (CO2e) no setor do alumínio, segundo dados de 2018, são provenientes da eletricidade consumida durante o processo de fundição. As oportunidades para reduzi-las a quase zero até 2050 estão na geração de energia descarbonizada e na adoção da captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês).


Nesse contexto, o Brasil está à frente dos demais países. Com matriz elétrica essencialmente limpa e renovável, somada aos investimentos das indústrias do segmento em autoprodução de energia e em tecnologias para garantir maior eficiência, o alumínio brasileiro tornou-se um dos mais competitivos em relação à pegada de carbono.


Emissões diretas

O segundo caminho indicado pela IAI passa pela redução das emissões do processo (15% do total da indústria) e do combustível a combustão (mais 15% do total da indústria). Isso requer investimentos em novas tecnologias, como ânodos inertes para o processo, e em eletrificação, troca de matrizes energéticas, uso de hidrogênio verde e adoção do CCUS.


No contexto nacional, há iniciativas de mudança nos sistemas de abastecimento das refinarias de combustível à base de óleo diesel para outras fontes de energia, como gás natural, hidrogênio e biomassa, os quais podem baixar as emissões em até 600 mil t em uma única unidade produtiva.


O projeto da CBA destacado na COP-26, que conta com a parceria da ComBio Energia e investimento de US$ 30 milhões, substitui duas caldeiras que funcionavam a partir da queima de óleo ou gás natural por uma unidade de produção a vapor (UPV) à base de biomassa (cavaco de madeira de eucalipto advindo de área de reflorestamento).


Em 2020, essa iniciativa reduziu as emissões em 163 mil t de CO2e na atmosfera — há potencial de chegar a 202 mil t em 2021. Em relação à intensidade, as emissões — que eram de 0,55 t de CO2e para cada t de alumina produzida — caíram para 0,31 t no ano passado. O volume é bem inferior à média global, de 1,21 t CO2e.


“A refinaria apresentou redução de 43% nas emissões de GEE na comparação entre os resultados de 2019 e 2020. Hoje, temos uma das menores pegadas de carbono do mundo para alumina”, afirma Leandro Faria, gerente-geral de Sustentabilidade da CBA.

Na visão do executivo, o resultado mostra que os investimentos em uma matriz energética mais limpa e sustentável em todas as etapas de produção industrial podem gerar efeitos positivos para o meio ambiente.


“Isso não é benéfico apenas para a empresa, mas contribui para alcançar os resultados almejados no Acordo de Paris de preservar o meio ambiente para as futuras gerações. A mudança também é benchmark para que outras empresas adotem inciativas relevantes como essa, contribuindo ativamente para o combate às mudanças climáticas”, explica Faria.


Reciclagem

O terceiro caminho apontado pelo IAI engloba a reciclagem e a eficiência de recursos. Aumentar os índices de coleta para perto de 100%, junto com outras ações, pode reduzir a necessidade da produção de alumínio primário em 20%. Isso deve contribuir com a diminuição das emissões anuais globais do setor em cerca de 300 milhões de t de CO2e.


É por isso que a reciclagem de latas de alumínio para bebidas no Brasil é destaque internacional, pois já evitou a emissão de 19 milhões de t de GEE na atmosfera desde 2005, segundo dados da Abralatas. Em 2020, foram 30 bilhões de latinhas recicladas, além da geração de renda para mais de 800 mil catadores.


O setor também apresenta redução de 70% na emissão de GEE, aproximando o Brasil dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas e auxiliando diretamente no combate às mudanças climáticas.


“A apresentação do caso de reciclagem de latas de alumínio no âmbito das discussões da COP-26, como um exemplo de sucesso e referência para o mercado global, representa uma enorme conquista para o setor. Simboliza os inúmeros benefícios e o potencial de geração de valor compartilhado que podem ser obtidos quando todos – empresas, governos e sociedade – conseguem cooperar em torno de uma causa”, declara Janaina Donas, presidente-executiva da ABAL.

Segundo a dirigente, além dos impactos positivos proporcionados em gestão de recursos e redução de emissões, a manutenção do alto índice de reciclagem, em patamares superiores ao da média global, deve-se, em grande parte, à cooperação de toda a cadeia de suprimento em torno da organização de um sistema de logística reversa e na estruturação de uma cadeia de reciclagem capaz de absorver a demanda de crescimento ascendente.


“Os investimentos empreendidos, tanto no estabelecimento de centros de coletas que estão distribuídos em todas as regiões do país como na capacitação das cooperativas, são também fatores de destaque”, ressalta Janaina Donas.


Termo de Compromisso

A ABAL e a Abralatas firmaram em 2020 um Termo de Compromisso com o Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Programa Lixão Zero, visando a dar continuidade e aperfeiçoar a logística reversa da lata no país.


“Esse case não é uma conquista das entidades, mas dos brasileiros, desde o consumidor, pela escolha feita nos supermercados e restaurantes no momento da compra, passando pelo nosso setor, o qual não para de crescer e mantém o compromisso de índices de reciclagem anuais sempre acima dos 95% do total consumido”, afirma Cátilo Cândido, presidente-executivo da Abralatas.


Fonte: Revista Alumínio

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